A Telemedicina também é uma forma de cuidado humanizado




João Paulo Nogueira Ribeiro

João Paulo Nogueira Ribeiro

Médico | Fundador do Instituto Horas da Vida |Fundador da FILÓO
Com todo o debate em torno da telemedicina nos últimos meses, recebi de um paciente outro dia essa imagem de “Os Jetsons”, aquela animação clássica dos anos 60 que ficou bastante conhecida por ilustrar uma família que vivia no futuro. No episódio, o garoto Elroy é consultado por um médico via vídeo chat após ter tido um mal-estar. Olhando a imagem, me peguei refletindo que esse momento idealizado no desenho chegou. Demorou algumas décadas para começar no mundo, é verdade. E mais de 50 anos para se tornar uma realidade aqui no Brasil. Mas chegou. A resolução foi revogada, pelo Conselho Federal de Medicina, mas muita discussão ainda vai acontecer em relação ao tema nos próximos meses. 
Também refleti sobre a reação animada do meu paciente em notar as novas possibilidades de atendimento e o olhar do médico para Elroy. No meu ponto de vista, a telemedicina não aumenta a distância. Muito pelo contrário: ela aproxima! Desde que seja um complemento de uma relação, claro.
Exerço a medicina há 19 anos e acredito no atendimento humano e na empatia com o paciente. Entendo que tecnologia e medicina são uma dupla bem positiva, tanto para os pacientes como para os profissionais de saúde.
Tenho para mim que a telemedicina poderia regulamentar parte do que, de certa forma, já vem sendo feito, como o uso do WhatsApp para tirar dúvidas do paciente sobre a dose de um medicamento e efeitos colaterais, por exemplo. Segundo a Associação Paulista de Medicina, em uma pesquisa divulgada no ano passado, 42% dos médicos informam que usam apps de mensagens para orientações entre uma consulta e outra. 
Já ouvi algumas pessoas dizendo que este tipo de consulta a distância poderia tirar o lado humano da relação médico-paciente. O que eu acho disso? Discordo e explico o porquê. Primeiro, entendo que o lado humano não conta com barreiras e, no fim, não importa o meio e sim que ambas as partes conversem e se entendam.
Outros benefícios que eu vejo surgirem com a telemedicina:
  • flexibilidade de horários para ambas as partes
  • atendimento de pacientes de cidades remotas que ainda não contavam com algumas especialidades médicas
  • diminuição da sobrecarga do Pronto Socorro, pois assim como Elroy, os primeiros sintomas poderão ser explicados por vídeo
  • é uma forma eficiente de comunicação entre médicos, já que permite que um profissional dê suporte ao outro durante uma consulta ou até uma cirurgia, por exemplo
  • pacientes poderiam contar com uma segunda opinião em relação a um diagnóstico
É claro que a tecnologia na medicina não vai substituir a interação humana. No caso da consulta tradicional, o vídeo chat vira uma ferramenta -- isso não quer dizer que o exame clínico não será mais necessário.
Lembrando dos bons tempos das aulas de Medicina, me dou conta de que a consulta começa muito antes de o paciente sentar na cadeira. Tem a ver com o jeito de andar, com o olhar e até a postura. Com mais essa opção de atendimento, vamos precisar buscar novos meios de observá-los.
Como médico, gosto de levantar a bandeira do exame clínico. Por mais eficiente que seja resolver a vida do paciente a distância, não podemos cair na tentação de achar que o excesso de exames (de imagem, laboratoriais) irá substituir o olho no olho. Isso pode afastar nossa relação com o paciente e onerar ainda mais o sistema de saúde -- que, aliás, já é sobrecarregado no Brasil. Com a decisão do Conselho Federal de Medicina para revogar a prática, será necessário também termos mais clareza em relação a vários pontos, como a padronização da plataforma, a privacidade dos dados e um modelo em comum de check-list para o atendimento.  
A principal mensagem que quero deixar aqui é que a boa e velha relação “médico-paciente” não acabará com a telemedicina. E essa relação é que nos salvará, contanto que seja transparente, humana e clara.
Se tem uma coisa que aprendi com a fórmula medicina + tecnologia é que todos nós precisamos estar abertos a aprender e desaprender o tempo todo, pois só assim iremos evoluir sem perder a essência.
Vamos nessa?

Artigo original: 

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